Por:João Baptista Herkenhoff
Com o pacto celebrado entre as grandes potências, pretende-se que certos temas tenham desaparecido da preocupação dos mortais.
Dentre estes estaria o Socialismo.
Já não teria razão de ser um projeto socialista de mundo. Já teríamos chegado ao fim da História. Nenhuma forma de organização da sociedade existiria para contrastar com a que o Capitalismo impõe.
Este artigo rema contra a maré e defende a tese da absoluta oportunidade de levantar, no alvorecer de 2017, um brinde ao Socialismo.
O Socialismo é atual, como projeto alternativo de mundo. Um mundo que se funda na solidariedade e na cooperação, em oposição ao mundo do Capitalismo, que cultua o individualismo e a competição.
Na linha de proposital afastamento de figuras do presente, quero relembrar duas personalidades do passado, dois vultos da história brasileira: João Mangabeira e Francisco Mangabeira.
Ambos souberam fundir, no amálgama da vida, a militância política e a militância pedagógica.
Sem deixar de apresentar, no primeiro plano de seus perfis, a condição de homens públicos, tiveram sempre a preocupação de ensinar, de transmitir lições: lições práticas (exemplo, coerência, luta constante) e lições teóricas (todo um arcabouço de ideias, pregadas diuturnamente, com humildade).
João Mangabeira e Francisco Mangabeira foram educadores políticos, foram éticos.
Francisco Mangabeira teve do ser humano uma concepção integral e transcendente. Na linha dos grandes humanistas contemporâneos, viu que só poderia florescer a plena humanidade da pessoa nas sociedades que privilegiassem o coletivo.
Francisco não se filiou ao Partido Socialista Brasileiro, do qual João Mangabeira, seu pai, foi um dos fundadores. João foi candidato à presidência da República, sem a mínima possibilidade de ser eleito, mas com a pretensão de utilizar a candidatura para pregar o Socialismo. Francisco esposou as grandes teses do Socialismo democrático. Foi um dos líderes da campanha “o petróleo é nosso”, que veio a garantir o monopólio estatal do petróleo através da criação da Petrobrás.
Em razão de suas posições políticas, Francisco foi perseguido pelas duas ditaduras do Brasil contemporâneo: a de 1930 e a de 1964. Ele participou de todos os grandes movimentos do Cristianismo Social. Teve presença ativa na Ação Católica. Foi amigo de Dom Távora e de Tristão de Athayde.
O ideário de João Mangabeira e Francisco Mangabeira permanece vivo.
João Baptista Herkenhoff é Juiz de Direito aposentado (ES) e escritor. E-mail: jbpherkenhoff@gmail.com