A candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República foi formalmente lançada na noite da sexta-feira (8) durante ato em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, dois meses depois da prisão do ex-presidente e dois meses antes de seu provável registro na Justiça Eleitoral. O evento foi encerrado com a leitura, pela ex-presidenta Dilma Rousseff, de manifesto enviado por Lula. Antes de começar, ela ouviu gritos de “uai, uai, que coisa boa, Minas Gerais vai ter Dilma senadora”. Dizendo-se emocionada, a ex-presidenta terminou a leitura às 21h58.
O ex-prefeito de SP e ex-ministro Fernando Haddad, um dos coordenadores do programa do petista, disse que Lula pediu “ousadia” no plano, “e nós vamos ousar”. Um dos itens, adiantou, trata de mudanças na comunicação, “para garantir diversidade pluralismo, sem a tutela do Estado, mas sem a tutela do dinheiro também”.
Segundo ele, Lula deve ser defendido não apenas por ser o melhor presidente da história do país e o melhor político vivo. “Temos de defender o homem, a honra de uma pessoa que está presa injustamente.” Haddad afirmou que só há dois setores que não querem Lula candidato: os meios de comunicação e o mercado financeiro.
Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, impedir o ex-presidente de ser candidato “é rasgar mais uma vez a Constituição da República, seria fazer uma legislação apenas para o Lula”. Ele enfatizou que o petista é “o único líder que pode tirar o Brasil da crise”. Assim, será este o único candidato que a central irá apoiar “e levar ao Planalto”. Vagner lembrou que as centrais sindicais marcaram um dia nacional de luta para 10 de agosto, cinco dias antes do registro da candidatura Lula.
O líder da oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE), afirmou que “as elites e os meios de comunicação fazem tudo para que o povo esqueça Lula, mas o povo teima em não esquecê-lo”. Pelo tamanho do partido – que venceu quatro eleições e governou o país por 13 anos e tem a maior bancada na Câmara, que governa cinco estados, que tem capilaridade nacional, ressaltou –, não há como não ter candidato a presidente, “com todo o respeito que temos com os nossos companheiros da esquerda”.
Líder da bancada petista no Senado, Lindbergh Farias (RJ) disse ter a convicção de que o “martírio de Lula está mexendo com o país”. “Tenho uma certeza: nós vamos vencer as eleições de outubro e interromper esse golpe. Lula está aqui. Ele é candidato não porque o PT precisa, mas porque o Brasil e o povo mais pobre deste país precisa”, afirmou, defendendo uma Constituinte para “reformar o Estado”.
Também falaram os governadores Fernando Pimentel (Minas), Wellington Dias (Piauí) e Tião Viana (Acre), além dos líderes do PT e da oposição na Câmara, Paulo Pimenta (RS) e José Guimarães (CE), a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Paulo Rodrigues e o coordenador da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim, entre outros. Dias disse que a disputa não é jurídica, mas política: “E se a gente quiser vencer, vamos vencer nas ruas”.