O presidente do Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Alberto Murray Neto, disse hoje (5) em reportagem à Agência Brasil que a exemplo do Código de Conduta Ética lançado, nesta terça-feira pela entidade, vários comitês olímpicos estrangeiros definem regras e normas. Segundo ele, o COB já deveria ter lançado o código há mais tempo. Foram dois meses entre a elaboração e a publicação.
A iniciativa ganhou força na gestão do presidente da entidade, Paulo Wanderley, que assumiu o cargo em outubro do ano passado em substituição a Carlos Arthur Nuzman. Nuzman é acusado de participar do processo de compra de votos para o Rio sediar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016.
“Isso faz parte de um projeto de administração moderna e é bom lembrar que logo que ele [Paulo Wanderley] assumiu, assinou um termo de ajustamento de conduta com o Ministério do Esporte, em que estava escrito também que ia adotar as regras de governança”, disse Murray.
Para o presidente do Conselho de Ética do COB, o código deve ser analisado considerando o contexto em que foi elaborado.
“Talvez seja o documento mais importante nesse contexto, mas antes disso, foi criada a cartilha assinada por todas as confederações para evitar abuso sexual e violência contra menor no âmbito esportivo e foi criado um canal de ética e integridade, que está no site aberto a toda a população, tem o regimento interno do nosso conselho e agora tem o Código de Ética”, disse Murray.
Sanções
O Código de Ética foi lançado logo depois dos escândalos do ex-técnico da seleção brasileira de ginástica olímpica Fernando de Carvalho Lopes, acusado de abuso sexual contra atletas e da condenação do ex-médico da seleção norte-americana Larry Nassar, denunciado por crimes envolvendo 260 mulheres.
No entanto, Murray negou a associação entre o momento de elaboração do código e o surgimento dos escândalos sexuais. “O código abrange estes aspectos também e teria isso independente de qualquer denúncia ou não. Ele seria tão rígido igual, mesmo sem denúncia concreta”, afirmou.
Para o presidente do Conselho de Ética, as pensalidades impostas no código reforçam a abrangência das normas definidas pelo documento. “Sem dúvida nenhuma que o estabelecimento dessas punições baseadas em códigos similares de entidades esportivas internacionais, dá muito mais eficácia ao código sem dúvida nenhuma”, observou.
Investigações
Questionado se os pontos relacionados à ética administrativa tinham relação com a conduta de Nuzman, Murray Neto destacou que o ex-presidente do COB renunciou a todos os cargos no comitê e que não integra mais a instituição.
“Se mais para frente for comprovado que ele causou algum dano ao comitê, esse dano seria cobrado diante de uma ação civil na Justiça, fora do contexto do Conselho de Ética, mas de qualquer maneira daqui para frente as regras que estão ali são bem claras, de forma que o tratamento da transparência da gestão financeira vai ter que ser completamente diferente como aliás já é.”
Composto por cinco integrantes eleitos em assembleia geral, o Conselho de Ética do COB reúne três membros independentes, sem vinculação com qualquer confederação ou federação esportiva. Nesta lista estão: Alberto Murray Neto, Guilherme Caputo Bastos e Ney Bello.
Os demais membros do conselho Sami Arap e Bernardino Santi são ligados a entidades esportivas. Sami é vinculado à Confederação de Rugbi e Santi é médico de controle de dopagem de algumas confederações.