No pronunciamento da manhã desta quinta-feira (12), a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) afirmou que não vai “desistir de lutar” contra o que classifica como “golpe”. A fala ocorreu cerca de cinco horas após a aprovação da abertura de processo de impeachment por crime de responsabilidade no Senado.
Pouco antes, Dilma havia sido notificada oficialmente do afastamento por 180 dias, enquanto o Senado avalia o mérito do pedido de impeachment.
“O destino sempre me reservou muitos desafios. Alguns pareceram a mim intransponíveis, mas eu consegui vencê-los. Já sofri a dor da tortura, a dor aflitiva da doença, e agora sofro mais uma vez a dor igualmente inominável da injustiça”, disse a presidente.
Cercada por ex-integrantes de seu governo, Dilma voltou a afirmar que o impeachment é “golpe” por não ter base jurídica. “Posso ter cometido erros, mas não cometi crime. Não cometi crime de responsabilidade, não tenho contas no exterior, nunca recebi propinas, jamais compactuei com corrupção.”
Em falas interrompidas por aplausos e gritos de apoio, a presidenta lembrou que foi eleita por 54 milhões de brasileiros e disse que o que está em jogo não é somente o seu mandato.
“O que está em jogo não é apenas o meu mandato. É o respeito às urnas. À vontade soberana ao povo brasileiro e à Constituição. São as conquistas dos últimos 13 anos. O que está em jogo é a proteção às crianças, jovens chegando às universidades e escolas técnicas. O que está em jogo é o futuro do país, esperança de avançar cada vez mais. Quero mais uma vez esclarecer fatos e denunciar riscos para país de um impeachment fraudulento. Um verdadeiro golpe”, declarou.
No pronunciamento, Dilma estava acompanhada de seus ex-ministros e parlamentares aliados, como a ex-ministra Eleonora Menicucci (das Mulheres), Kátia Abreu (da Agricultura) e Giles Azevedo (assessor especial). Dilma deu a declaração no Salão Leste do Palácio do Planalto que estava lotado de servidores que vieram dar apoio à presidenta afastada. Eles entoaram palavras de ordem: “É golpe”, “Golpistas, fascistas não passarão”, “Dilma, guerreira, da pátria brasileira”.
Com relação ao resultado no Senado, ela chamou o impeachment de fraudulento. “Diante da decisão do Senado quero mais uma vez esclarecer os fatos e denunciar os riscos para o paí de um impeachment fraudulento, um verdadeiro golpe, desde que fui eleita parte da oposição inconformada pediu recontagem de votos, tentou anular as eleisções depois e passou a conspirar abertamente pelo impeachment, mergulharam o país num ato de instabilidade e impediram a recuperação da economia com tomar na força o que não conquistaram nas urnas”.
Em seguida, Dilma saiu do Palácio do Planalto pela porta principal e foi cumprimentar apoiadores que estavam no gramado em frente à edificação. Em meio a muito empurra-empurra, a presidente ouviu manifestações de apoio e voltou a falar ao público.