A balança comercial do Estado de São Paulo registrou superávit de US$ 857,4 milhões de janeiro a dezembro do ano passado. Na comparação com 2015, as exportações cresceram 1,8%, para US$ 52,6 bilhões, enquanto as importações caíram 18,9%, para US$ 51,8 bilhões, sob pressão do avanço da inflação e da crise econômica.
O Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) e o Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da Fiesp utilizaram os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) para analisar o desempenho das 39 diretorias regionais do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).
Na dianteira entre os exportadores da região, as diretorias da capital paulista exportaram US$ 8,2 bilhões em 2016, uma alta de 10,7% na análise anual, puxada pelas vendas de açúcar (28,6%) e semente e grãos (13,3%). Em importações, a região totalizou US$ 9,6 bilhões, 15,1% menos que em 2015, com destaque para máquinas, aparelhos e materiais elétricos (12,1%), seguidas por aparelhos e instrumentos mecânicos (11,2%). A diretoria regional de São Paulo teve o 5º maior déficit entre as diretorias, com saldo negativo de US$ 1,3 bilhão.
Diante dos resultados, o diretor titular do Derex, Thomaz Zanotto, destacou que o agronegócio hoje é um setor importante e necessário para o crescimento econômico, mas que não é suficiente para gerar todos os empregos de que o Brasil precisa. “Temos um país com mais de 200 milhões de habitantes e não podemos depender apenas do agronegócio e dos serviços. A indústria tem um efeito multiplicador na economia, não apenas pela geração direta de empregos de alto valor agregado, mas também por consumir e utilizar serviços de outros setores, como financiamentos, seguros, serviços jurídicos, transportes, entre outros”, afirmou.
Na segunda posição do ranking de exportações, a diretoria regional de São José dos Campos alcançou os US$ 6,9 bilhões no acumulado do ano passado, um crescimento de 5,8% quando comparado com 2015. No município, os números correspondem à venda de aeronaves, 58,1% do total exportado. Já o volume de importações da diretoria ficou com o terceiro lugar da análise, com baixa de 43,4%, para US$ 4,2 bilhões, ante os doze meses de 2015. O setor de combustíveis foi o responsável pelo maior número de desembarques do período, 25,6% da pauta importadora. Com o saldo geral, a diretoria registrou superávit de US$ 2,7 bilhões, enquanto 2015 amargou déficit de US$ 898,5 milhões.
Em Santos, a terceira posição sobre exportações, o volume somou US$ 3,5 bilhões no ano passado, um avanço de 8,3% ante os doze meses anteriores. Os campeões de vendas foram açúcares e produtos de confeitaria, 28,3% da pauta. Entre as importações, as compras de combustíveis minerais representaram 53,9% do total. Ainda assim, a diretoria santista teve o maior superávit da balança comercial do ano, com US$ 2,8 bilhões, 10,8% maior do que o superávit de 2015.
Na contramão, o maior déficit comercial entre as regionais foi marcado por Campinas, com US$ 5,1 bilhões. Com o segundo lugar do ranking de importações, as compras da cidade somaram US$ 8,2 bilhões, uma baixa de 16% em relação ao mesmo período de 2015. Os principais importados na região foram máquinas, aparelhos e materiais elétricos (30,7%), além de produtos químicos orgânicos (15,7%).
Segundo Zanotto, “o saldo negativo no setor de manufaturados – como o visto em Campinas – vem ganhando fôlego desde o segundo semestre do ano passado, devido à valorização do câmbio. Mesmo que isso proporcione ganhos de curto prazo no combate à inflação, estamos com mais de 12 milhões de desempregados e operar com um câmbio valorizado é um grave erro. A sobrevalorização do câmbio foi o maior erro do governo anterior e o principal causador da crise de hoje”, comentou.
No mesmo período, a balança comercial brasileira acumulou superávit de US$ 47,7 bilhões, ante US$ 19,7 bilhões em 2015. As exportações do país atingiram US$ 185,2 bilhões em 2016, um recuo de 3,1% na comparação com igual período de 2015. No mesmo sentido, as importações somaram US$ 137,6 bilhões, uma baixa de 19,8% contra o ano anterior