Dengue não deve ser esquecida por conta da pandemia de Covid-19, afirma infectologista

Dengue não deve ser esquecida por conta da pandemia de Covid-19, afirma infectologista
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O verão está chegando e, com ele, a temporada de chuvas e calor, formando um ambiente mais propício à reprodução do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, chikungunya, zika e febre amarela urbana. E o Dia Nacional de Combate à Dengue, celebrado em 18 de novembro, reforça a importância de conscientizar a população acerca dos hábitos que podem ajudar a prevenir a doença.

A infectologista Rebecca Saad, coordenadora do SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar) do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, explica que, apesar de o assunto ter diminuído nos últimos meses, em decorrência da gravidade da pandemia de Covid-19, a dengue está longe de ser uma doença controlada no Brasil.

“Continuamos tendo picos, surtos de dengue em algumas áreas do Brasil e até epidemias. Durante o período do isolamento, as pessoas ficaram mais em casa e, de certa forma, isso auxiliou no cuidado com os quintais, plantas e espaços em geral. Mas, por conta da pandemia, muitas pessoas com sintomas leves da doença não saíram de casa e vimos menos problemas com a dengue recentemente”, destaca a especialista.

Apesar de a preocupação com a patologia ter diminuído, os casos continuaram a subir. Em 2020, o Brasil registrou cerca de 1,5 milhão de ocorrências de dengue, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). E o Ministério da Saúde fez um alerta para o crescimento dos números em diversas regiões do país nos primeiros meses de 2021.

“Não podemos deixar os cuidados de prevenção de lado, jamais. Essa doença sempre matou muito no Brasil e precisa ser olhada com atenção. Precisamos continuar mantendo os cuidados básicos e recebendo os agentes comunitários, respeitando os protocolos de segurança impostos pela Covid-19”, reitera a médica.

Sintomas

Entre os sintomas mais comuns estão febre alta, dores de cabeça, nas articulações e atrás dos olhos, perda de apetite, cansaço e manchas vermelhas por todo o corpo. Ao perceber algum destes sinais, o paciente deve procurar um médico.

Mas a dengue pode aparecer em diferentes estágios: durante os casos leves, dores abdominais intensas são comuns, mas sangramentos de mucosa e vômito em sangue são sinais de alarme para problemas mais sérios. “A doença também pode ter sinais de choque, como a hipotensão grave, quando o paciente já chega muito mal ao atendimento médico”, explica a infectologista.

“Em casos de suspeita, é importante falar ao especialista ou mesmo na triagem se houve algum caso de dengue na região em que reside e explicar as condições do quintal, se há riscos de água parada e focos para a proliferação de larvas e mosquitos. As informações podem ajudar num melhor diagnóstico”, orienta Dra. Rebecca.

A partir do quinto dia de suspeita da doença, é possível realizar o teste rápido de dengue em todas as Unidades Básicas de Saúde gerenciadas pelo CEJAM e hospitais da rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele possibilita um diagnóstico rápido e seguro em até 10 minutos.

Combate à dengue

Criado pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo em 2008, o Programa Ambientes Verdes e Saudáveis​ (PAVS) foi incorporado ao CEJAM em 2015 com a finalidade de desenvolver projetos que favoreçam a educação ambiental, promoção de saúde e a prevenção de doenças, contribuindo fortemente nas articulações intersetoriais para a melhoria de aspectos da comunidade.

Conforme Everton Tumilheiro Rafael, gestor local do PAVS CEJAM, o trabalho é feito com o apoio de biólogos e gestores ambientais, que estabelecem parcerias com outros serviços, como concessionárias de limpeza, providenciando a higienização de áreas públicas.

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) é acionada, quando necessário, para intervir em problemas de esgoto e abastecimento de água e outras secretarias, como a de subprefeituras, cuidam de pequenas obras em algumas áreas.

“Apenas neste ano, com o apoio da secretaria de subprefeituras, conseguimos remover cerca de 30 casos de veículos abandonados espalhados pelo território. Esses carros apresentavam riscos à saúde pública, principalmente por proporcionarem ambientes à proliferação do Aedes aegypti, além de outros problemas socioambientais”, explica o gestor.

O PAVS CEJAM atua no combate e prevenção à dengue por meio da educação ambiental, especialmente em visitas domiciliares dos Agentes de Promoção Ambiental, responsáveis por mutirões casa a casa e atividades coletivas que acontecem em escolas e outros espaços comunitários. O programa também contribui no apoio aos bloqueios de transmissão junto às unidades de vigilância.

Tumilheiro explica que o programa conta com o apoio da comunidade, que tem papel fundamental no combate e prevenção da dengue.

“Além de receber as visitas e demais intervenções domiciliares, é importante que a população respeite as orientações dos especialistas, colocando em prática as melhorias estruturais e ambientais sugeridas às suas casas, que, com certeza, farão toda a diferença para a comunidade como um todo”, finaliza.

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