É nítida a percepção de que há algo pairando ainda no ar além do vital oxigênio. Refiro-me às
sensações ligadas ao nosso comportamento e não aos componentes gasosos da atmosfera.
São sentimentos intrigantes, aqueles que geram expectativas nos seres viventes. Parece que
circulam no ar, estão em toda parte, qual poeira fina em tempo seco e frio. Percorrem nossa
alma e são persistentes.
Não arrisco hipóteses descabidas, mas há algo, sim, no ambiente nacional, algo que desconfio
seja o inicio de nova era. Um tempo de maior responsabilidade e que exige atitudes decisivas,
não mais ‘jeitinhos’ tão a nosso gosto. Novos tempos estão escancarados à nossa frente
pedindo adesão.
Embarco na ideia que aprendi lá em casa que é o tríduo basal da vida honesta: ética, moral e
caráter. Tão necessário hoje quanto sempre. Mas, como está difícil ver e sentir essas
qualidades entre nós, não? Mesmo nas crises agudas como a que estamos passando. Não
desanimemos, entretanto.
Por tudo o que já vivemos nesse país, considerado o Coração do Mundo – pelas características
de nosso povo – o fato de enfrentar crises emergenciais surpreendeu-nos a todos, induzindo
um clima persistente de incertezas. Algo que deveríamos – como coletividade civilizada –
aprender a evitar suas causas ou, então, prevenir, treinar antecipadamente os caminhos
alternativos, amenizando consequências.
Japão e Suécia, além de outros povos organizados, fazem isso de rotina. Treinam a população
para urgências inevitáveis, em geral, por eventos súbitos e incontroláveis da natureza. Aqui,
não temos essa tradição e, felizmente, nem aquelas catástrofes naturais. Mas temos outras
produzidas por nós mesmos.
A vida do brasileiro é enganosamente tida como tranquila, mesmo diante das maiores
dificuldades pessoais ou coletivas; o país é claramente rico de recursos, mesmo quando o povo
transita na dificuldade ou na miséria; nossa consciência não inclui o próximo mesmo quando
este implora ajuda. Constata-se entre nós um panorama contrastante e que precisa mudar.
Tem-se a impressão – hoje – que algo haverá de acontecer para nos acordar. Não dá mais para
permanecermos deitados eternamente em berço esplêndido, claro.
Aquele algo que sentimos no ar está a nos dizer da urgência em renovarmo-nos. Renovar-nos
para mudar com ética, moral e caráter. É a nossa esperança.
O Brasil se transformará.